A cesariana em cadelas e gatas é uma intervenção cirúrgica vital em situações em que o parto natural coloca em risco a vida da mãe ou dos filhotes. Embora a maioria dos partos ocorra sem complicações, algumas raças caninas apresentam predisposição à distocia, que é a dificuldade no parto devido à anatomia peculiar, como pélvis estreita ou cabeça larga dos filhotes. Entre as raças mais afetadas estão os Bulls (Bull Terrier, American Staffordshire, Pit Bull, American Bully e Boston Terrier), Bulldog Francês, Bulldog Inglês, Pug, Chihuahua, Spitz Alemão Anão e Labrador. Nessas raças, a cesariana é frequentemente indicada e, em alguns casos, chega a ser uma prática rotineira.
A importância do pré-natal não pode ser subestimada. O acompanhamento veterinário durante a gestação permite identificar riscos como filhotes grandes, posições inadequadas no útero, ninhadas pequenas (que favorecem o crescimento excessivo dos filhotes) ou grandes demais (que podem causar exaustão materna).
Exames de imagem, como ultrassonografia, ajudam a planejar o parto e a decidir com segurança se a cesariana será necessária.
Durante o parto, a assistência veterinária é essencial para monitorar sinais de sofrimento fetal, trabalho de parto prolongado ou ausência de progresso. A presença de uma equipe preparada – composta por cirurgião, anestesista e técnicos – garante resposta rápida em situações de emergência e aumenta as taxas de sobrevivência da mãe e dos filhotes. O ambiente deve ser adequado, com centro cirúrgico equipado e protocolos de anestesia seguros, minimizando riscos de depressão respiratória nos recém-nascidos.
Após a cesariana, os cuidados incluem monitoramento da cadela e dos filhotes até estabilização, apresentação dos filhotes para estimular a amamentação e contato com o colostro e alta precoce para reduzir riscos de infecção hospitalar. Em suma, optar pela cesariana exige avaliação criteriosa, equipe capacitada e atenção redobrada em raças predispostas, garantindo o bem-estar e a saúde de todos os envolvidos
“Como cirurgiã há mais de dez anos, vejo que a prática do pré-natal é pouco abordada pelos profissionais médicos veterinários e pelos tutores. Com isso, quando recebo uma mãe e seus fetos no bloco cirúrgico, estão na maioria das vezes ambos em sofrimento. Tal recorrência poderia ser amenizada com um simples acompanhamento semanal e exames de imagem”.
“Como é significante poder ajudar uma mãezinha a colocar seus filhotes ao mundo! É gratificante participar e contribuir com algo tão divino”