O caminho solitário de ser empresário

Xeque Mate

Empreender é, antes de tudo, um ato de coragem. O empresário inicia sua jornada com uma visão – algo que não existe no presente, mas que ele acredita ser possível construir. No entanto, essa visão frequentemente o coloca em um caminho distinto daquele trilhado por seus pares. Enquanto muitos optam por segurança e previsibilidade, o empresário escolhe o risco e a incerteza. E é nesse ponto que começa sua solidão.

O isolamento do empresário no início de sua jornada é, em grande parte, estrutural. Ele é o único a enxergar plenamente o potencial do que está criando. A maioria das pessoas à sua volta — familiares, amigos, colegas — tende a enxergar riscos onde ele vê oportunidades. Essa divergência de percepção não é resultado de má-fé, mas de diferentes relações com a ideia de risco. A solidão, nesse estágio, é intensificada pela necessidade de foco absoluto.

Construir algo a partir do nada exige uma concentração implacável. O empresário se torna um multitarefa por necessidade, ocupando simultaneamente os papeis de estrategista, executor, administrador e vendedor. Ele negocia contratos durante o dia, administra finanças à noite e planeja o futuro na madrugada. Cada minuto é dedicado ao empreendimento, deixando pouco espaço para relações pessoais ou lazer.

A cultura empresarial moderna frequentemente reforça a ideia de que o sucesso exige sacrifício total. O empresário é celebrado como um herói solitário. Alguém que supera adversidades sem depender de ninguém. Contudo, essa narrativa é tanto idealizada quanto perigosa. Negligenciar conexões humanas em nome do trabalho não é apenas insustentável – é contraproducente.

A solidão, se não administrada, pode comprometer a clareza de pensamento, a saúde emocional e até mesmo a capacidade de tomar decisões estratégicas. Ao mesmo tempo, é importante reconhecer que um grau de isolamento é inevitável e, muitas vezes, necessário.

Grandes realizações exigem períodos de introspecção e dedicação intensa. O desafio, então, é equilibrar esse isolamento funcional com a busca por conexões significativas. Aqueles que aprendem essa lição cedo estão melhor posicionados para transformar suas ambições em realizações duradouras, ao mesmo tempo em que preservam algo ainda mais valioso: suas conexões humanas e sua própria saúde emocional.

Marlon Rocha
Empresário sócio diretor da @formatar.consultoria
Embaixador do @boravarejo @boravender e @hsmeducação