Nesta entrevista o urologista Dr. André Cunha Coelho da Rocha detalha os benefícios ao paciente sobre o procedimento robótico no que diz respeito à retirada da próstata. O médico tem atuação no Hospital Vila da Serra, em Belo Horizonte. A especialização em cirurgia robótica veio durante dois anos de atuação na França, em 2019 e 2020.
A robótica é um procedimento novo?
A cirurgia robótica é relativamente nova, mas já vem de uma discussão antiga, desde a década de 80, quando tiveram início os primeiros estudos e protocolos, nos Estados Unidos. Hoje estamos na quarta geração da plataforma robótica em atividade no Brasil e no mundo. Ela significa uma mudança de paradigma e de padrão de seguimento cirúrgico. A tendência é evoluir cada vez mais. A expectativa é de que nos próximos anos tenhamos a chegada de novos equipamentos robóticos.
Como é feita a cirurgia?
O médico fica localizado no console e com acesso às manetes. Assim ele controla os braços robóticos. Ou seja: não é o robô que opera sozinho e sim o cirurgião que envia todos os comandos para esses braços robóticos, que são posicionados vinculados ao paciente, por meio de pinças. Assim esses movimentos serão traduzidos para o interior da região que necessita da cirurgia, promovendo movimentos finos, leves e delicados. Minimizando complicações e aumentando a assertividade com o procedimento.
Como foi a experiência da especialização na França?
Eu organizei minha vida toda para ficar por 24 meses na França, nos dois maiores centros de formação de cirurgia robótica da Europa, que ficam em Paris e Bordeaux. Foi um período de imersão completa, de segunda a segunda, aprendendo, estudando, operando, auxiliando e produzindo conteúdo científico, com uma nova cultura e nova língua. Foi um processo de aprendizado importante neste contato ativo e diário com a robótica. Foram dois anos fundamentais. Não foi um curso, mas um processo de aprendizado importante.
Quais os benefícios da cirurgia robótica para retirada da próstata?
Os benefícios são inúmeros. Ela traz como sua aliada uma alta tecnologia, que dispõe de recursos capazes de elevar a precisão se comparada com procedimentos laparoscópicos ou a cirurgia convencional. Minimizando complicações, com menor risco de infecção, além da diminuição da dor e do sangramento. A internação é mais curta e a recuperação deste paciente é mais eficaz e tranquila, pois ele tem uma volta mais rápida às suas atividades.
Existe um PSA ideal?
Não existe um PSA normal para o homem. É importante dizer isso, pois não devemos ficar presos a determinados valores. Existe paciente com um PSA elevado e sem nenhum problema de câncer. Isto é muito variável. O que vai determinar essa alteração é o acompanhamento anual com o urologista, a sequência dos resultados e a relação com o peso da próstata. É uma série de avalições feitas pelo médico para confirmar se está tudo bem.
Câncer de próstata pode surgir antes dos 40 anos?
O câncer de próstata pode aparecer, sim, perto dos 40 anos. Certamente é um paciente com algum histórico familiar importante. Na maioria das vezes com parente de primeiro ou segundo grau que tenha manifestado a doença. Não é a regra. Normalmente é a partir de 50 anos, quando o risco começa a aumentar.
Como prevenir?
Fazer os exames de forma regular é uma forma de prevenção. A partir do momento que o paciente tem uma definição de diagnóstico precoce, o câncer de próstata pode ter cura de 80 a 95% nos casos apresentados. Existem situações de tumores de baixo risco, que serão apenas acompanhados, pois muitas das vezes é uma lesão indolente, com baixa probabilidade de evoluir. Lógico que manter um peso saudável, ser ativo fisicamente e a ingestão de vegetais e frutas diariamente vai trazer benefícios em vários aspectos.