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Nesta última edição do ano, nossa entrevista é com o psiquiatra Wladimir Costa e Silva. O médico completa 20 anos de formado pela UFMG. Nesta entrevista ele responde sobre um tema que vem deixando de ser tabu nos últimos anos: o suicídio. Para ele o assunto deve ser visto de maneira precisa, como forma de prevenção.
Como você avalia as campanhas de prevenção ao suicídio nos últimos anos?
São campanhas que vieram mudar um paradigma muito arraigado que os profissionais mais antigos da saúde mental tinham, que era o de que falar de suicídio poderia provocar mais suicídio. O que eu percebo é que este quadro está mudando e observamos que a melhor prevenção é falar do tema com responsabilidade. Precisamos dar abertura e ouvir quando a pessoa tem esse pensamento e planjamento.
No Brasil, cerca de 32 pessoas dão fim à própria vida por dia. Os dados correspondem a uma morte a cada 45 minutos. É um número alto?
É um numero assustador, sim. Mas, em cima desse dado eu gostaria de fazer uma contraposição. Na minha experiência como profissional inserido no sistema do tratamento da saúde mental, eu não vejo este número tão alarmante, porque eu sinto que os pacientes que estão passando por mim estão protegidos, recebendo o tratamento e, desta forma, com muito menos risco. Muitas das pessoas que tiraram a própria vida não tiveram acesso a tratamentos e acolhimentos adequados.
O suicídio está ligado diretamente a alguma doença mental?
São raríssimos os casos em que não existe uma correlação do suicídio com doença mental. Me parece que menos de 5% não apresentam indícios de alguma patologia ou que pelo menos o diagnóstico não tenha sido feito. Quase na totalidade é provável que se encontre alguma doença de algum tipo de transtorno mental.
Quais as doenças que têm relação mais direta com o suicídio?
A doença mais prevalente e importante é a depressão, pois como o número de deprimidos é muito maior, o impacto também será na mesma proporção. O universo de deprimidos é maior do que o de esquizofrênicos, por exemplo. O suicídio na depressão é aquele em que a gente consegue imaginar, uma vez que o deprimido dá sinais. Mas a depressão não é a que apresenta a maior taxa de suicídio. Bipolar tem uma alta taxa de suicídio. O transtorno de personalidade emocionalmente instável, conhecido como borderline, a esquizofrenia e dependências por drogas.
Qual a relação do transtorno de personalidade e o autoextermínio?
Sobre o transtorno de personalidade, nós não podemos analisar como o paciente está naquele dia. A avaliação deve ser feita ao longo de toda a vida. Existem vários transtornos. O que mais se relaciona com o autoextermínio é o transtorno de personalidade emocionalmente instável, conhecido também como borderline. Ele é um transtorno confundido com o bipolar, uma vez que a pessoa apresenta os extremos de humor. A diferença é que no borderline a mudança de humor pode ser em fração de minutos. Já no bipolar, essa variação pode levar dias.
E qual o papel da família no contexto?
A família é a melhor prevenção que existe contra o suicídio. Não é remédio. Não é médico, nem psicólogo. A instância que mais protege a pessoa do suicídio é a família, que tem um papel importantíssimo. Às vezes o familiar vai ter de levar a pessoa a um acompanhamento, mesmo contra sua vontade. Tratamento medicamentoso, em muitas das vezes, vai demorar a começar a apresentar resultados – perto de 10 a 15 dias. A família tem que mostrar atenção neste período.
O que mais deve ser observado por quem está mais próximo?
Quem avisa, um dia pode fazer. Quando a pessoa verbaliza o desejo, já é algo preocupante e que deve ter atenção. Às vezes a pessoa não pensa em acabar com a própria vida, mas dá sinais de ações que não parecem suicídio, às quais os mais próximos devem ficar atentos. “Eu queria que a dor acabasse para sempre”. “Eu queria não sentir mais nada”. “Eu queria dormir e não acordar mais”. “Eu queria dormir dez dias e não ver nada”. Tudo isso já é algo que não está evidente como intenção de autoextermínio, mas que apresenta um caminho inicial e pode ser uma pista importante para dar início à prevenção.[/vc_column_text][gsf_space desktop=”90″ tablet=”70″ tablet_portrait=”60″ mobile_landscape=”50″ mobile=”40″][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column width=”1/4″][vc_single_image image=”2942″ alignment=”center” style=”vc_box_shadow_circle”][/vc_column][vc_column width=”3/4″][vc_custom_heading text=”Samuel do Valle” font_container=”tag:h3|text_align:left|color:%23dd3333″ google_fonts=”font_family:ABeeZee%3Aregular%2Citalic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][vc_column_text][/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]